Notícias
img
14/11/2019
Aposta na educação global
Escola Fantasia Sapiens investe em proposta inspirada no modelo italiano

Para quem observa o atual momento da educação, não é difícil perceber a busca das escolas por práticas capazes de suprir as demandas na aquisição de conteúdo e produção de conhecimento, mas que também possam contribuir para a formação humana. Nesse sentido, tais ações devem estimular a capacidade das crianças de ouvir empaticamente, respeitar e conviver com as diferenças, tornando-as capazes de dialogar e olhar compassivamente para si mesmas.

Esses reconhecidos princípios da educação global atuam no sentido de oferecer condições para que os educandos construam o seu próprio saber com base na convivência harmônica com os demais e com o ambiente.

Pensando nisso, com o intuito de aprimorar os conhecimentos nessa área e buscar novos horizontes para a formação de seus alunos, a professora Fabiana Telarolli — integrante do corpo docente da Escola Fantasia Sapiens e responsável pela área de linguagens das séries finais do Ensino Fundamental 1 — realizou recentemente uma viagem de enriquecimento cultural e profissional à Itália, onde vivenciou e recolheu experiências que dialogam diretamente com essa proposta.

Fabiana visitou diferentes escolas em 10 dias intensos de contato direto com as diretrizes, metodologias e práticas desenvolvidas, passando por escolas como a Alberto dele Farfalle na cidade de Montecavolo, o Centro de Formação Internacional Loris Malagguzzi, o Liceo Statale Niccolò Machiavelli (Ensino Médio), a Escola de música Musindò, e a referência em escola dos sentimentos, a Escuola città Pestalozzi, em Florença.

Os relatos da professora são surpreendentes e encantadores. Ela mesma se surpreendeu ao verificar tantos pontos em comum entre o que tem sido feito na Escola Fantasia e as práticas educacionais encontradas na Itália. Nesse sentido, a docente destaca que a educação na região de Reggio Emilia possui um viés bastante reflexivo, pois os educadores pensam constantemente sobre o que seria “a missão da infância” ou “o que a infância devolve à sociedade?”, algo que leva a constantes inflexões e alinhamentos no trabalho com as crianças. O processo envolve, ainda, os pais e educadores, numa parceria que tem como objetivo o desenvolvimento da criança. 

De acordo com Fabiana, o projeto pedagógico nessas escolas dialoga diretamente com os princípios da educação global: “Elas partem da premissa de que é preciso haver uma integração entre mãos, coração e mente no processo de aprendizagem, por isso trabalham com uma série de atividades guiadas pelo afeto e que reúnem o fazer, o pensar, o criar e o contemplar”.

Um outro aspecto interessante da prática educacional em Reggio Emilia é a “escola a céu aberto”, cujo objetivo é estimular o aprendizado ao ar livre: “As crianças são incentivadas a explorar o ambiente, o espaço e as coisas a partir da sensorialidade, e essa experiência vai enveredando para a construção de um conhecimento repleto de sentido”, conta a professora.

A relação com o espaço físico é um capítulo à parte, pois se integram de modo estratégico ao projeto educacional. São espaços planejados, mas não fixos, no quais as salas são divididas por “cantos de experiência”. Neles, as crianças experimentam a sensorialidade, a inovação cultural, entre outros aspectos do desenvolvimento.

Vale notar que os projetos educacionais têm em comum a abordagem baseada na arte, na autonomia e no respeito às emoções, privilegiando, portanto, a investigação e a curiosidade em aprender, especialmente na Educação Infantil.   

No caso da aprendizagem digital, Fabiana lembra que não há uma separação das outras áreas do saber e que os educandos interagem com o material concreto, a partir de experiências que geram fenômenos: “Os materiais têm inteligências diferentes e interagem produzindo efeitos também diferentes. Material inteligente é aquele que proporciona aprendizagem e, para isso, o professor precisa tê-lo experimentado”, explica a professora.

Outro ponto a ser destacado é que, para os educadores de Reggio Emilia, as aprendizagens são transversais. Segundo Fabiana, “Lá, eles estão criando pontes entre as disciplinas o tempo todo. Para eles, acreditar nas crianças e escutá-las é voltar a crer na humanidade. A criança, quando educada na beleza, dificilmente se tornará um adulto violento”.

De acordo com a equipe gestora da Escola Fantasia Sapiens, a inovação desta forma de pensar e fazer educação está, precisamente, em compreender que é preciso repensar as formas de estar no mundo, priorizando uma existência ética e harmoniosa.

Considerando as práticas da Escola Fantasia nestes 31 anos, os gestores da escola explicam que as vivências trazidas da Itália pela professora Fabiana apontam muitas convergências em relação ao seu modo de pensar a educação, mas que ainda é possível aprimorar alguns aspectos com base no referencial italiano. Para os gestores, os relatos de Fabiana são animadores, pois mostram que a escola está em diálogo com o que há de mais promissor em termos globais. Além disso, os exemplos de práticas e metodologias que já foram testadas e que comprovadamente alcançam bons resultados na formação das crianças, enriquecem ainda mais o trabalho realizado.

Para as educadoras e educadores da Escola Fantasia, na formação humana do novo milênio, não há espaço para a intolerância, a insensibilidade, a falta de empatia e de amor próprio, nem para a ausência de ética ou de diálogo. Por isso é tão importante que exista um projeto pedagógico que preze pela construção de pontes ao invés de erguer muros, e eles sabem que é preciso fazer isso hoje.